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Poesia

A poesia, para mim, é a voz que transita entre o silêncio e o grito. Ela nasce de Benguela, da vivência e das raízes que carrego comigo, refletindo o que eu sou e o que testemunho. Minhas palavras buscam não só contar histórias, mas também ressignificá-las, transformando a dor em força e a memória em arte.

Entre a pintura e o cinema, a poesia é o fio que costura todas as minhas expressões, dando voz àquilo que as imagens, por si só, não conseguem dizer.

14.09.24

Amanheceu ensolarado, porém seco,

O sol parecia solitário, 

sem querer estar aí, era inverno, 

quatorze de setembro era tempo seco.

Agradecer a Deus por mais um ano de vida, uma grade de gasosa, 

Assim como eram os oito dias do ano.

 

Dentre tantas promessas, papá fez algo inesperado, um bolo rei 

cantando parabéns

E a vela? 

a vela anunciava a volta do deserto, 

Estender a mão para ganhar o pão pro mata-bicho

 

Um rio que nunca viu uma gota d’água

Ecoava no silêncio a travessia

E vendia sonhos sem preços 

De um oásis forjado de esperança.

 

De fato, havia previsão,

Mas eu era a esperança 

A esperança sou eu! 

Como acreditar em um rio que 

nunca sequer viu uma gota d’água

me mostrar o caminho do mar?

14.09.2024, até o sol me enganou, 

Sumiu antes do previsto 

A esperança invadiu o meu lar

A noite as velas estavam lá 

mesmo com energia elétrica 

trazendo o oásis. 

Desarmado em um solo fértil, assisti o velório do vazio engolindo o choro

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